quarta-feira, 27 de junho de 2007

ESTRÉIA-Experiência anarquista na ditadura é tema de "Meteoro"

SÃO PAULO (Reuters) - O drama brasileiro "Meteoro", que estréia em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador na sexta-feira, parte de um fato real para criar uma fantasia meio anarquista, meio comunista, em pleno regime militar.
SÃO PAULO (Reuters) - O drama brasileiro "Meteoro", que estréia em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador na sexta-feira, parte de um fato real para criar uma fantasia meio anarquista, meio comunista, em pleno regime militar.
Escrito e dirigido pelo porto-riquenho Diego de la Texera, o longa se passa no começo da década de 1960, quando um grupo é encarregado de construir uma rodovia entre Brasília e Fortaleza.
Porém, o projeto é interrompido quando esses homens encontram um terreno estranho que os impede de continuar o trabalho. Eles ficam presos em seu acampamento, entre o deserto e a caatinga, esperando que o governo tome uma decisão sobre o que devem fazer.
Para passar o tempo, eles contam com visitas periódicas de um grupo de prostitutas comandadas por Madame, interpretada pela atriz cubana Daisy Granados, de "Memórias do Subdesenvolvimento".
Alguns dos rapazes começam a sentir algo que vai além do interesse profissional pelas raparigas e surgem até algumas paixões. Como é o caso do topógrafo Aloísio (Lucci Ferreira), que se encanta por Nova (Maria Dulce Saldanha). E Gordo (Leandro Hassum), que se apaixona por outra moça (Paula Burlamaqui), mas não tem a sorte de ser correspondido, pois ela está interessada num alemão (Felipe Kannenberg), operador de rádio.
Depois de fortes chuvas que destroem a estrada, as prostitutas não têm como ir embora. O governo também parece ter se esquecido dos trabalhadores e já não manda mais suprimentos por avião. A comunidade está entregue à própria sorte até que um meteoro cai nas redondezas e da cratera formada começa a jorrar água.
O grupo funda uma sociedade alternativa, que ganha o nome de Meteoro, e vive longe da civilização, sem contato com o mundo, pois nem o rádio funciona mais.
Quem assume a liderança é o Velho Meireles (Cláudio Marzo), mas não se chega a estabelecer uma forma de governo. Alguns se casam, como Aloísio e Nova, e formam uma família. Essa sociedade isolada se desenvolve numa combinação de anarquia -- com apenas algumas regras estabelecidas -- e comunismo -- no sentido de pensar no bem comum do grupo.
Essa é a parte mais bem desenvolvida de "Meteoro". Embora um pouco ingênuo, esse segmento mostra a interação dessas pessoas, que vivem uma utopia num Brasil em plena ditadura, sem ter noção dessa realidade. Porém, não tarda muito para os militares tomarem conhecimento da vila e mandarem representantes para investigá-la.
A chegada dos militares representa um novo momento para Meteoro. Os moradores nem sabiam do golpe e se surpreendem ao descobrir quem está no poder. Pena que os personagens militares não tenham maior densidade.
Enquanto "Meteoro" lida com a fantasia, consegue manter um interesse e desenvolver bem algumas situações -- em especial a interação entre os habitantes da vila. Porém, no momento em que a realidade externa entra em cena, não se desenvolve tão bem todo o potencial da história.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

Um comentário:

Lêandro disse...

Deve ser um filmão! Quero ver... vamos combinar de assistir juntos.